quinta-feira, 22 de julho de 2010

A mudança no cálculo do reajuste do salário mínimo, atualmente em R$ 510, foi descartada por Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, durante sabatina do portal D1, realizada na tarde desta quinta-feira (22), em Brasília. Pelas regras atuais, o reajuste é feito com base no PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas pelo país) dos dois últimos anos, mais a inflação acumulada do período.
- A fórmula do crescimento é dar ganho aos trabalhadores. Se não, quando chegar no próximo ano, a gente vai ter crescimento de 6% e o mínimo terá um reajuste de 11%. Aí ninguém vai reclamar. O que vai valer é ter uma regra que mantenha a capacidade de pagamento. Eu me comprometi com as centrais [sindicais] e nós estamos mantendo o compromisso.
O aumento no valor do salário mínimo, que passou de R$ 465 para R$ 510 neste ano, foi destacado pela candidata. Ela citou que pelos cálculos atuais, o trabalhador já conseguiu um ganho de 74% no salário entre 2003 e 2010, acima da inflação, o que vai contra o discurso das centrais que pedem a alteração na conta.
O motivo é que devido ao crescimento de 0,2% no ano passado, as centrais temem que o reajuste do próximo ano não consiga repor as perdas da inflação do período. Por isso, eles pedem que em vez da média do PIB dos dois anos anteriores (2008 e 2009), sejam levados em conta 2009 e 2010, já que neste ano o crescimento chegou a 2,7% somente no primeiro trimestre.
Questionada se poderia adiantar aos trabalhadores um valor para o mínimo do ano que vem, Dilma se esquivou e preferiu manter o discurso de acordo.
- Não tenho como afirmar isso. Posso dizer que estamos cumprindo um acordo firmado com as centrais. Nós somos um projeto que acha que aquilo que diziam antes, que não podia aumentar o salário mínimo porque a inflação sairia do controle, é mentira. O trabalhador precisava ter uma noção de como seria o seu reajuste. E nós fizemos isso.
Sabatina
Durante uma hora e meia, a candidata petista respondeu às perguntas sobre diversos temas dos entrevistadores Christina Lemos, da TV Record, Eduardo Ribeiro, da Record News, Gisele Silva, editora de Brasil do R7, e do blogueiro Marco Antônio Araújo, do blog O Provocador. Ela também respondeu às perguntas dos internautas, transmitidas à ex-ministra em tempo real.
Ao longo da entrevista, Dilma citou diversas vezes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e não poupou o adversário José Serra (PSDB) de críticas. Ao ser questionada sobre as qualidades do concorrente, a petista respondeu que não o conhece muito bem, mas destacou que ele é uma pessoa "bem intencionada".
- Sem dúvidas, todas as pessoas têm qualidades.[..]. Acho que ele tem sido, ao longo da vida pública, uma pessoa bem intencionada. Eu não conheço ele muito bem, conheço razoavelmente bem.
Saias justas
Durante o bate-papo, Dilma desconversou sobre pelo menos dois temas: a  aliança com o ex-presidenteFernando Collor, que disputa o governo de Alagoas, e a composição dos ministérios, em caso de vitória.
Sobre Collor, a petista disse que não é possível governar sozinho, e que todos os aliados seriam bem vindos à coligação, desde que aceitassem os "termos" do PT.
- Esse projeto é aberto para quem quiser nos apoiar. Agora, nos nossos termos.
Já em relação aos ministérios, a petista evitou adiantar se o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci teria lugar garantido em sua gestão, já que ele é um dos coordenadores de sua campanha. Ela, entretanto, descartou a participação em seu governo de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil que deixou o governo em meio aos escândalos do mensalão, em 2005. 
- Eu tenho grande respeito pelo Zé Dirceu, mas ele não está no cerne do meu governo.
Temas polêmicos
Dilma também foi questionada sobre questões polêmicas, como a legalização das drogas, o aborto e a casamento gay. Sobre o aborto, a petista voltou a afirmar que trata-se de uma "questão de saúde pública". Já em relação à descriminalização da maconha, a presidenciável disse ser contra, e demonstrou ainda ser favorável à maiores restrições ao consumo de álcool.
Ela também afirmou ser favorável à união civil entre pessoas do mesmo sexo mas, evitou responder se seria madrinha de um casal de amigos gays, em tom bem humorado. 
- Isso ainda não está em questão.
A presidenciável petista também negou que irá liberar invasões de terra no caso de ser eleita, mas disse que irá liberar a pancadaria. O MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) chegou a afirmar que um possível governo da petista seria favorável aos interesse do movimento.
- Eu não pretendo ter nenhuma complacência com a ilegalidade, mas não dou pancada.
Economia e programas sociais
Ao longo da sabatina, a candidata do PT também defendeu a redução dos juros dos bancos, e afirmou que eles devem diminuir à medida que o endividamento do brasileiro for recuando.
Já em relação ao reajuste dos aposentados, Dilma afirmou que aqueles que ganham até um salário mínimo poderão contar com um “aumento razoável em 2011", devido ao aumento da arrecadação de impostos com a formalização de microempreendedores.
 - Como eu acho que nós vamos crescer bastante em 2011, 2012 e 2013 ele [aposentado] pode contar com um aumento razoável. Quanto mais a gente amplia a base de arrecadação, mais alimenta o crédito e isso incentiva a formalização das empresas.
A candidata também elogiou o programa Minha Casa, Minha Vida; falou sobre os benefícios do programa Bolsa Família, e disse que sua meta é que toda a população de baixa renda chegue à classe média.
Sabatinas
A presidenciável é a terceira presidenciável a ser entrevistada pelo portal. Marina Silva, do PV, foi a primeira candidata a ser sabatinada pelo portal, durante encontro que durou uma hora e meia, no dia 15 de julho. Já nesta terça-feira (20), o entrevistado foi o candidato do PSTU, Zé Maria, que respondeu às perguntas dos internautas e dos entrevistadores durante meia hora.

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